quinta-feira, 26 de abril de 2012

Como detalhes conseguem mudar o ponto de vista de uma pessoa [2].

 Nunca havia sofrido tanto assistindo a um filme. Um filme novo? Não! Kramer vs. Kramer.

 Em um passado não muito distante eu achei que entendia Joanna Kramer... achava!

 Era um trabalho "escolar". Um professor da minha especialização em Direito de Família havia indicado o filme para que assistíssemos e respondêssemos a um questionário. 

 Não consigo mais nem me lembrar das perguntas a que deveria responder! Só consigo pensar que JAMAIS deixaria meu filho! JAMAIS conseguiria fazê-lo chorar daquele jeito! Isso é tão claro para mim que não admito sequer um dia ter entendido a Joanna.

 Mesmo ela tendo se redimido no final, hoje não consigo mais compreendê-la! 

 Você, leitor, pode pensar: ahh, é porque ela não teve que passar pelo que Joanna passou, ter que se descobrir como mulher, como pessoa, Joanna precisava de um tempo sozinha etc. Não é bem assim.

 Não gosto muito de falar sobre o meu casamento porque há outra pessoa envolvida que não está escrevendo, mas posso dizer uma coisa: ele não é perfeito, nenhum é, eu não sou perfeita, o outro também não é!

 Posso falar de mim: até hoje ainda busco meu verdadeiro eu e faço dessa busca uma constante em minha vida (sou adepta da terapia há alguns anos!). Já estive feliz, infeliz, feliz, infeliz, feliz e continuo caminhando na direção do que me faça uma pessoa plena.

 Meu marido pode estar nesse caminho? Claro, eu o amo e espero que permaneçamos juntos enquanto o amor estiver presente em nossa relação! Ele é o pai do meu filho e nós somos uma família! Mas se um dia eu (ou ele, lógico!) achar que não é dessa forma, ir embora e deixar Mateus NÃO é uma opção para mim. 

 Se já passei por momentos como o de Joanna? Pode crer que já! Em sete anos de casamento, se existir alguém que ainda não tenha, que Deus abençoe essa união e assim a mantenha.

 Eu, acredite, já passei por momentos bem ruins. Não só no casamento. Por Mateus parei de trabalhar e, sob esse pretexto (pretexto, porque o que eu tinha mesmo era medo de não dar conta de tudo!), anulei-me por algum tempo. Fiquei meio perdida com meus muitos papéis (mãe, esposa, profissional...). Demorou um pouco até que me reencontrasse e ainda hoje batalho para me fixar em todas essas posições.

 Enfim, fraquejei em todos os outros papéis, menos no de mãe. Nesse eu (essa é a minha opinião) não me permito fraquejar. Estou com meu filho e não abro! No máximo, compartilho!

 Aplico a mesma máxima aos pais (sentido estrito). Do mesmo jeito, eles também não podem fraquejar! São tão importantes quanto. Que o diga Ted, que não fez nada além de sua obrigação.

 O que deve ser observado é que as consequências das fraquezas dos pais (aqui sentido amplo) extrapolam os limites da pessoa em conflito e acabam por atingir um ser indefeso, frágil, que não pediu para estar ali e não tem culpa nenhuma, de nada!

 Com isso eu não digo que se deve negar a realidade. Ao contrário: se Joanna queria abandonar o marido e, consequentemente, Billy, ainda bem que o fez! Pior seria permanecer lá infligindo mais sofrimento a todos.

 Sentir vontade de ir embora deixando o filho é que é incompreensível para mim. Por mais difícil que seja a situação pela qual eu esteja passando, Mateus é quem consegue tirar de mim o que eu tenho de melhor, olhar para ele me faz perceber que por maior que seja meu problema, ele não é do tamanho da felicidade que sinto por ter mais um dia para passar ao lado dele. 

 E como já ultrapassei o limite do piégas, devo encerrar por aqui, apenas dizendo que, quando nomeei este post pensando que havia sido um detalhe que havia mudado a minha opinião sobre Joanna, eu estava errada: Mateus não é um detalhe, ELE É TUDO!



4 comentários:

  1. Daniela!

    Poucas vezes na vida li, na internet, um texto tão emocionante!

    O texto é bem construído, bem articulado e está sempre claro que é sua opinião.

    Kramer vs. Kramer é um dos melhores filmes a que já assisti na vida. Maravilhoso. Não choro em filmes, mas ele força muito minha barra.

    Faço questão de comentar o texto porque, além de ser fanzona do filme, eu queria lhe falar como alguém que tem alguma convivência com você nas salas de aula da Pós-Graduação em Direito de Família e Sucessões.
    Você tem postura pra falar. É firme, defende o ponto de vista que crê correto, não tem medo de discutir. E mantém a simpatia.
    Pois saiba que eu admiro tudo isso em você. Vejo você como uma advogada muito competente, com a qual o cliente sabe que pode contar.
    E o texto demonstrou que você é uma mãe amorosa e dedicada e uma esposa companheira.

    Embora nós demoremos a ver quem nós somos - porque estamos diretamente envolvidos conosco -, quem está fora às vezes enxerga melhor. E se eu, que só sua sua colega quinzenal de sala de aula, percebo essas suas qualidades, aposto que seu marido e Mateus sentem um BAITA orgulho de você.

    Que bom que você dá a eles a chance de ajudar a descobrir que você tem competência pra dar conta de um monte de coisa (esposa, mãe, estudante, advogada etc.). Foi o que Joanna deveria ter feito - ter percebido que descobrir a si mesma é um processo que envolve todos os papeis que exercermos e, via de consequência, todas as pessoas do nosso convívio.

    Parabéns!

    Abraço! :)

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    1. Eita Lauraaaa!!! Aí não vou parar de chorar nunca ahahahahaha

      Obrigada, amiga (já posso chamar assim, não é?). Essa especialização significa muito mais do que um simples curso para mim, significa uma redescoberta, do Direito, da advocacia, de mim mesma. Ela foi o pontapé inicial do meu retorno ao mercado de trabalho e ler o que você escreveu me deixa muito feliz porque me faz perceber que os frutos estão sendo colhidos.

      Você faz parte disso, sempre incentivando, não só com gestos direcionados a mim, mas a toda turma. Você é um exemplo a ser seguido.

      Sei que será assim também quando seus "outros" papéis lhe exigirem. Sei também que não preciso de lhe desejar sucesso, pois ele é resultado da inteligência, da dedicação e do trabalho, coisas que não lhe faltam!

      Seja feliz, querida!

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  2. Dani querida,

    Obrigada por lembrar de mim ao escrever um texto tão lindo sobre um assunto tão complexo e tão fascinante como a maternidade!!! Infelizmente não vi o filme mas o farei assim que possível. Não sei o contexto do mesmo, mas assim como vc tb tenho dificuldade em entender como algumas mães conseguem abandonar seus filhos. Certa vez, em uma missa, um Padre falou em seu sermão que " existem as mulheres que são mães e existem mulheres que parem..." Nunca esqueci essas palavras e diariamente luto com todas as minhas forças pra pertencer sempre ao primeiro grupo. Não restam dúvidas de que a missão da maternidade é árdua mas confesso que nunca vivi algo tão fascinante quanto. Meu filho me fez crescer, amadurecer... Meu filho me faz uma pessoa melhor e tenho certeza que vc tb se sente assim em relação ao seu lindo Mateus. Sabe Dani, cada vez mais me convenço que a maternidade não deveria ser uma opção e sim um direito. Nenhuma mulher deveria passar por essa vida sem viver essa magia, essa emoção, esse amor que transcede a qualquer explicação. Casamentos vem e vão.. Mas os filhos são eternos! Assim como vc, um dia tb achei que não daria conta dessa responsabilidade. Mas por amor a eles, buscamos forças e aguentamos sempre um pouco mais. Lembro o tanto que amamentar me ensinou. Se por um lado meu coração transbordava de alegria junto com o leite que jorrava dos meus seios, por outro meu corpo quase que não aguentava o sacrifício do esforço físico de muitas horas acordadas. E foi então que entendi que " o amor de mãe é o que mais se aproxima do amor de Deus". E Deus nos dá força!!!Lucca mudou a minha vida assim como Mateus mudou a sua. Tenho certeza de que como MÃE vc desempenha seu melhor papel!!! Mateus, certamente, ama muito essa mãe dedicada e comprometida que vc é! Continue firme nessa tão fascinante missão!! Um beijo grande e virei frequentadora de seu blog.


    uito lindamente vc ecsreveu sobra a importância do Mateus em sua vida.. Missão essa

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    1. Caroool,

      lembrei-me de vc justamente pq tenho certeza de que vc estáno primeiro grupo, aliás, na sala VIP, do primeiro grupo, onde ficam as grandes mães; o sorriso do Lucca é a prova viva disso!

      Que vcs sejam assim, sempre felizes!

      Um beijo bem grande!

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